domingo, 12 de agosto de 2012

Amamentar por seis meses é impossível para a maioria



O Brasil e outros 170 países se uniram na última semana (quando foi comemorada a Semana Mundial do Aleitamento Materno) para reforçar a importância de os bebês se amamentarem durante os primeiros seis meses de vida. Entretanto, a questão divide opiniões e desperta a preocupação de que campanhas assim possam estar acumulando as sensações de culpa e de impotência em um número crescente de mulheres, muitas delas, incapazes de lidar com os custos, profissionalmente ou financeiramente, de licenças-maternidade prolongadas, porém, não remuneradas.



A maioria das mulheres, atualmente, trabalha o dia todo em lugares que não podem acomodar uma mãe para amamentar o filho. Poucas podem custear licenças-maternidade estendidas. E muitas mães de primeira viagem têm achado difícil - senão, impossível - alimentar seus bebês com apenas leite materno durante os seis primeiros meses de vida. 

Agentes de saúde já ligaram a falha na continuidade da amamen-tação durante seis meses ao risco de fumar durante a gravidez, o que somente aumenta a pressão e a culpa sentida por essas mulheres.

Contudo, conforme demonstra um estudo recente realizado na Escócia, há uma lacuna insuperável entre o que é real e o que é ideal quando se trata da amamen-tação infantil nas famílias. Os autores, que conduziram entrevistas ao vivo com 220 pessoas, entre gestantes, mães recentes e seus parceiros, concluíram que metas mais realistas deveriam ser apoiadas pelos governos para essas famílias, principalmente em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, que, em geral, falharam em atingir as metas de amamentação infantil estabelecidas. 

Hanna Rosin, mãe de três bebês amamentados, escreveu no "The Atlantic" que a amamen-tação envolve "um comprometimento sério de tempo e que exige que você não trabalhe de uma forma significativa. 
Quando as pessoas dizem que a amamentação é gratuita, isso só indicaria que o tempo da mulher não vale nada".

Os pesquisadores escoceses, cujo estudo foi publicado na revista científica "BMJ Open", concluíram que há "um embate entre o idealismo do que se pode fazer para amamentar uma criança e a realidade vivenciada". Algumas famílias, segundo eles, "percebem que a única solução que pode restaurar o bem-estar da vida familiar é interromper a amamentação e introduzir alimentos sólidos". 

Os autores concluíram que "seis meses de amamentação exclusiva é uma meta nada realista e considerada inatingível por muitas famílias e que promovê-la é esperar que os pais se sintam fracassados". Os pesquisadores recomendam que, em vez de simplesmente ditar a forma como os bebês serão alimentados, os médicos discutam a situação com as famílias, para ver qual regime de alimentação do bebê seria o mais conveniente.

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